A
Questão da USP a meu ver é fruto em muitas vezes de três caminhos que a muito
foram seguidas pelas universidades públicas brasileiras.
O
Caminho do isolamento em relação à sociedade, universidade que muitas vezes tem
seu espaço físico a alojado em meio às parcelas mais pobres e marginalizadas da
sociedade ao qual pertence uma legião de jovens ainda sem perspectivas de
futuro a não ser olhar os “privilegiados” seguirem e ganharem suas vidas em
quanto às deles se findam na violência “naturalizada" das periferias
brasileiras.
O
Caminho da decisão de não mais formar seres humanos para a sociedade, mas de
programar maquinas para o mercado, quando falo seres humanos não estou aqui levantando
uma bandeira política, longe de mim achar que sou o dono da verdade, mas no
momento em que a universidade desistiu de voltar seu ensino para a sociedade
para mirar as “demandas” do mercado de trabalho, alguma coisa deve estar
errada.
O
Caminho do autoritarismo, uma herança nefasta que a ditadura militar deixou
para nossas universidades foi o do fim do dialogo, o fim da conversa, e a ascensão
dos cacetes, revolveres e fuzis como argumentos de negociação. Não que a USP
não deva ter um plano de segurança, pois uma universidade de seu porte e importância
dentro da história brasileira deve-se manter como um espaço seguro e aberto à
pluralidade mas instituir de forma unilateral sem ao menos esgotar todas as
possibilidades de construção de um programa que viesse a gerir a segurança do
campus juntamente com a comunidade acadêmica é um desrespeito à própria USP.
Quando trago a necessidade de debate com a comunidade acadêmica nãos e pode excluir
também a sociedade que convive no mesmo espaço geográfico da USP, pensar que a
USP pode ser transformada numa fortaleza de segurança cercada por muros altos e
fossos enquanto o seu redor a sociedade está entregue à própria sorte é querer
tapar com uma peneira furada.
Por
fim não se pode falar de uma universidade sem falar daqueles que em maior grau
são a razão da mesma existir, os estudantes. Aqueles que conhecem o movimento
estudantil brasileiro sabem que qualquer generalização não só é burra como é
fruto do senso comum dos que muito falam e nada dizem.
Não
se pode transferir o erro de abordagem, ou erro estratégico, de uns grupos para
toda a classe estudantil. A meu ver a ocupação da reitoria por um poucos grupos
entre as dezenas de matizes políticas e ideológicas que formam o movimento
estudantil fatalmente caiu num resultado final que era o mais vantajoso para
aqueles os quais os grupos questionavam, o de legitimar ante a opinião pública,
e aqui incluo uma parcela dos estudantes, a ideia de que é com repressão que o “alienado”
e “cooptado” movimento estudantil deve ser tratado. Parece-me que de nada
serviu de útil, como caso a ser estudo para a realização de uma autocritica de
como o ME é exercício no Brasil, a experiência dos estudantes chilenos de que o
primeiro aliado que os estudantes devem buscar é a sociedade civil. Enquanto insistirmos
no erro de apressadamente no utilizarmos de nossos últimos recursos, antes que
se tenha esgotado esforços para conquistar a sociedade para nossa pauta, e aqui
falo como estudante e como militante político, continuaremos a cometer o erro estratégico
de cair nas armadilhas daqueles os quais nos opusemos.
E
aos que discordam de minhas palavras, vamos debater, vamos discutir, vamos confrontar
ideias e opiniões, vamos fazer política.