Nos últimos anos após sua saída da
presidência da república, o presidente Lula iniciou uma serie de viagens
internacionais com um grande foco nos países da América Latina e África. Em
pouco tempo Lula passou a representar um modelo de "esquerda
elegível".
Esse modelo de
"esquerda elegível" passou a ser tido por outros lideres nacionais
latino-americanos como um modelo de esquerda mais palatável vide uma
perspectiva unanime entre os partidos de esquerda em adotarem uma natureza de
partidos de massa.
As classes
subalternas, as massas, tendem historicamente a adotarem posições
conservadoras. Ao longo do percurso histórico da América Latina não podemos esquecer-nos
do caráter profundamente elitista na fundação dos estados nacionais, e do
profundo trauma nacional ocorrido no período pós-ditaduras. A soma dos fatores
acima fez que com que o discurso das esquerdas, em sua maioria advindas de uma
tradição política marxista-leninista e ou marxista, fosse profundamente
rejeitado e bombardeado como um discurso pró-ditadura pelas elites e seu
monopólio dos meios de comunicação.
A eleição do
presidente Lula em 2002 se deu através de um processo de desconstrução da
imagem do PT como um partido de perspectiva autoritária e da construção da
imagem de uma esquerda conciliatória aberta a concessões políticas em prol da
governabilidade de um projeto social-desenvolvimentista. Após a reeleição do
presidente Lula em 2006 e da crescente importância do Brasil em nível
internacional fez com que esse modelo de esquerda fosse evocado por líderes e
candidatos como um modelo que adotariam, como uma estratégia de conquista das
classes subalternas e de parcelas das elites.
Esse novo modelo
de esquerda cumpriu seu papel de romper com estigma de que os partidos de
esquerda são incapazes de chegar ao poder por vias democráticas, embora as
devidas críticas, e autocriticas, devam ser feitas. Este novo modelo de
esquerda conciliatória tem como principal caráter a ser criticado sua, até
agora, incapacidade de aprofundar um processo revolucionário com vias ao fim da
democracia liberal e a ascensão de uma democracia socialista.
O mérito maior da
ascensão do presidente Lula como nova figura da esquerda latino-americana é do
fortalecimento de um modelo de esquerda democrática, embora a crítica deva ser
feita, pois uma sem uma radicalização da democracia, uma democracia socialista
não nascerá na América Latina.