Ontem eu falei um pouco sobre a expressão “cantar
a pedra” e como ela se insere de um modo singular no vocabulário político.
Hoje, mas precisamente nesta madrugada, em quanto lia algumas notícias no
portal Brasil247, me deparei com uma matéria interessante sobre o tema
recorrente nos últimos meses do rompimento ou não da aliança histórica entre PT
e PSB.
Numa determinada altura do texto uma fala atribuída
a Roberto Amaral reforça uma ideia que pra mim já é fato consumado, de que o
arquiteto por trás do factoide de que o PT e o PSB estão em rota de colisão já
em 2014 está dentro do próprio PT. Reproduzo à baixo um trecho da matéria coma
dita fala:
Por
outro lado, Roberto Amaral atribui à crise entre as duas agremiações ao próprio
PT, que tenta rachar o Governo. "A quem interessa, no PT, criar
dificuldades com a base? Não é Lula e nem Dilma. É a direita do PT? Isso seria
a divisão do campo da esquerda", disse à Coluna Painel, da jornalista Vera
Magalhães. Amaral disse, ainda, que o partido busca negociar um vice-presidente
socialista, é necessário acabar com os “porta-vozes”, e que tudo seja
articulado diretamente entre Lula e Eduardo.
Quem compreende a dinâmica da política interna do
PT, sabe bem quem Roberto Amaral identifica como responsável quando diz que o
principal interessado é a direita do PT. Não é surpresa nenhuma que Eduardo
Campos almeja o posto de presidente da republica a pergunta é o que alguns
ganhariam antecipando a ruptura entre PT e PSB de 2018 para 2014.
Uma eventual ruptura entre PT e PSB em 2014
empurra o espectro eleitoral brasileiro de uma perspectiva de centro-esquerda para
um panorama mais situado na esfera da centro-direita. Uma ruptura entre PT e
PSB já em 2014, empurra o PT ainda mais para os braços do PMDB e seu
pragmatismo político pautado em negociatas e não em apoio programático e
empurra o PSB para uma aliança com PSDB-DEM conferindo a estes partidos o oxigênio
de que precisam para darem a volta por cima e encerrarem uma trajetória de
queda.
Empurrar o PT ainda mais para um estado de
construção de alianças políticas através da negociação da “maquina pública”
beneficia única e exclusivamente àqueles grupos internos desprovidos de uma
cultura política de construção democrática e participativa e onde o “caciquismo”
e autoritarismo se instituem com a finalidade de fortalecimento de suas próprias
figuras e não do fortalecimento de um projeto discutido e debatido de forma
democrática obedecendo regras de ação e representação discutidas e debatidas de
forma democrática.
Encontrar a direita do PT não é difícil, é só
procurar quem gosta de atropelar as resoluções internas democraticamente
discutidas e debatidas pelos filiados nos congressos do partido.
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