4 de set. de 2012

O Cantar das Pedras de 2014 II


Ontem eu falei um pouco sobre a expressão “cantar a pedra” e como ela se insere de um modo singular no vocabulário político. Hoje, mas precisamente nesta madrugada, em quanto lia algumas notícias no portal Brasil247, me deparei com uma matéria interessante sobre o tema recorrente nos últimos meses do rompimento ou não da aliança histórica entre PT e PSB.

Numa determinada altura do texto uma fala atribuída a Roberto Amaral reforça uma ideia que pra mim já é fato consumado, de que o arquiteto por trás do factoide de que o PT e o PSB estão em rota de colisão já em 2014 está dentro do próprio PT. Reproduzo à baixo um trecho da matéria coma dita fala:

Por outro lado, Roberto Amaral atribui à crise entre as duas agremiações ao próprio PT, que tenta rachar o Governo. "A quem interessa, no PT, criar dificuldades com a base? Não é Lula e nem Dilma. É a direita do PT? Isso seria a divisão do campo da esquerda", disse à Coluna Painel, da jornalista Vera Magalhães. Amaral disse, ainda, que o partido busca negociar um vice-presidente socialista, é necessário acabar com os “porta-vozes”, e que tudo seja articulado diretamente entre Lula e Eduardo.

Quem compreende a dinâmica da política interna do PT, sabe bem quem Roberto Amaral identifica como responsável quando diz que o principal interessado é a direita do PT. Não é surpresa nenhuma que Eduardo Campos almeja o posto de presidente da republica a pergunta é o que alguns ganhariam antecipando a ruptura entre PT e PSB de 2018 para 2014.

Uma eventual ruptura entre PT e PSB em 2014 empurra o espectro eleitoral brasileiro de uma perspectiva de centro-esquerda para um panorama mais situado na esfera da centro-direita. Uma ruptura entre PT e PSB já em 2014, empurra o PT ainda mais para os braços do PMDB e seu pragmatismo político pautado em negociatas e não em apoio programático e empurra o PSB para uma aliança com PSDB-DEM conferindo a estes partidos o oxigênio de que precisam para darem a volta por cima e encerrarem uma trajetória de queda.

Empurrar o PT ainda mais para um estado de construção de alianças políticas através da negociação da “maquina pública” beneficia única e exclusivamente àqueles grupos internos desprovidos de uma cultura política de construção democrática e participativa e onde o “caciquismo” e autoritarismo se instituem com a finalidade de fortalecimento de suas próprias figuras e não do fortalecimento de um projeto discutido e debatido de forma democrática obedecendo regras de ação e representação discutidas e debatidas de forma democrática.

Encontrar a direita do PT não é difícil, é só procurar quem gosta de atropelar as resoluções internas democraticamente discutidas e debatidas pelos filiados nos congressos do partido.

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